Web Summit Lisboa 2019: confira os destaques dos primeiros dias do evento
GDPR , transição cognitiva e crise de confiança foram alguns dos temas debatidos nos dois primeiros dias do Web Summit Lisboa
Essa semana acontece o Web Summit Lisboa, um dos maiores eventos sobre tecnologia, negócios e inovação do mundo. Nos quatro dias da conferência, são esperados mais de 70 mil participantes e 1206 palestrantes.
A equipe da ZOLY composta por Fábio Sayeg – CEO, Danilo Fernandes – CSO e Carolina Leslie – Head de UX, foi até Portugal para conferir de perto essa atmosfera de conhecimento.
Confira a seguir os destaques dos dois primeiros dias do Web Summit Lisboa 2019.
GDPR: não deveria ser sobre proteção de dados, mas sobre coleta
Uma das palestras que mais impactou o 1º dia do evento foi a de Edward Snowden, Ex-agente da NSA, que falou via conferência direto da Rússia, país onde vive sob asilo do governo. Snowden compartilhou sua visão crítica sobre o cuidado com os dados de cada indivíduo.
Para ele, a maneira como lidamos com as informações das pessoas precisa mudar, afinal, “as instituições mais poderosas da sociedade se tornaram as menos responsáveis” em relação a questão dos dados pessoais.
O ex-agente da NSA deixou claro também que não concorda, totalmente, com a GDPR e afirmou: “A lei é um avanço, mas trata de forma incorreta o problema. Ela fala sobre proteção de dados, mas deveria ser sobre a coleta dos mesmos”.
Mais disrupção, por favor!
Outro tópico abordado no Web Summit Lisboa 2019 foi a disrupção. Jean-Marie Dru, Presidente da TBWA, explicou que as organizações precisam estar aptas a mudar rapidamente se quiserem se manter ativas no mercado. Mas atenção: não adianta ter uma cultura disruptiva se as pessoas que trabalham na sua empresa também não estiverem focadas nisso.
De acordo com Dru, o grande desafio para ser disruptivo, hoje em dia, é encontrar o equilibro entre tempo, produtos e tecnologia. Os consumidores têm cada vez menos tempo, são impactados por uma grande quantidade de produtos e serviços diariamente e estão mais acostumados com a tecnologia. A pergunta que fica aqui é: como balancear essa equação em prol da disrupção?
Em sua palestra, Dru também citou o propósito da marca como um fator atrelado à inovação. Como mostra o gráfico, as empresas que possuem um motivo maior que o lucro para existir são mais valorizadas.
Transição cognitiva
Mark Foster, Vice-presidente da IBM foi um dos palestrantes de destaque do evento, abordando o conceito de transição cognitiva.
“Temos que parar de falar de transformação digital e começar a focar na transição cognitiva”.
Para Foster, a transformação digital corresponde ao processo de adaptação da sociedade e das empresas. Essa mudança é mais cultural e interfere no nosso dia a dia. Já a transição cognitiva é a etapa posterior a isso, na qual as organizações aprenderam a lidar com a tecnologia e, agora, precisam colocar os dados fornecidos por ela no centro dos seus modelos de negócio e rever suas prioridades a partir dessas informações.
Segundo o Vice-presidente da IBM, a empresa que vai liderar o mercado é aquela que não se afasta do seu core bussiness, mas que, ao mesmo tempo, consegue utilizar a sua expertise para observar as tendências relacionadas ao seu ramo de negócio e colocá-las em prática.
Os segredos das super marcas
O que as super marcas esperam para o futuro e qual o segredo para continuar crescendo? Essas foram algumas das perguntas que o painel “Os segredos das super marcas” procurou responder. Dessa conversa participaram Alan Boehme – Global CTO da P&G, Chris Perry – Chief Digital Officer da Weber Shandwick, Sairah Ashman – CEO da Wolff Olins e Michelle Castillo – Senior Reporter da Cheddar.
Segredos e tendências mencionados pelos painelistas:
- Confiança no mindset data driven;
- Foco em promover a melhor experiência para o cliente;
- Disposição para ouvir o consumidor;
- Tecnologia e personalização devem caminhar juntas;
- Assistentes ou dispositivos de voz cada vez mais presentes nas estratégias das marcas;
- Utilização da tecnologia 5G: transformará o consumo e o relacionamento das marcas com o consumidor
CMO Moderno
Outro tópico relevante discutido em um dos debates do Web Summit 2019 foi: “O que é preciso para ser um CMO moderno?”. Nesse bate-papo, os Chiefis Marketing Officers das empresas Zoom, Mailchimp e TripActions salientaram os desafios de quem escolhe essa carreira. Entre eles estão:
- Manter-se atualizado: estar sempre aprendendo coisas novas e ficar atento às mudanças do mercado digital;
- Ter humildade: entender que você vai ter que contratar alguém que saiba mais do que você em alguns temas, afinal, o mercado muda muito e ninguém consegue dominar todos os conhecimentos;
- Priorizar a experiência do cliente e estar próximo a ele.
Conheça o seu cliente verdadeiramente
Muitos palestrantes debateram uma questão que parece simples, mas ainda é um empecilho para empresas e marcas: ouvir e conhecer o seu consumidor.
Edwina Dunn Obe , CEO da Starcount, chamou atenção para a mudança de comportamento do cliente ao longo do tempo e mostrou como as empresas enxergam essa transformação.
Já Barbara Martin Coppola, Chief Digital Officer da IKEA, destacou que as marcas precisam ir além do design orientado ao cliente e partir para o design centrado nas pessoas. Cada indivíduo é complexo, tem o seu próprio propósito e vive em um contexto único, e as organizações, por sua vez, devem se adequar a isso.
A consolidação do mundo das agências
Com as mudanças de comportamento do consumidor e também do mercado como um todo, o papel das agências de publicidade também se transformou. Como salientou a Mel Edwards, CEO Glabal da Wunderman Thompson.
“No passado, as agências estavam preocupadas em fazer com que as marcas se tornassem conhecidas e tomassem conta do lifestyle das pessoas, mas, hoje, as agências precisam priorizar a melhor experiência. Não é o nome da marca que conta, é a experiência”.
Para Brian Collins, Chief Creative Officer & Fundador da Collins, a publicidade está cada vez mais próxima de se tornar um mercado onde prevaleça a co-criação. Nesse cenário, as agências trabalharão em conjunto com seus clientes, mostrando o valor dos seus serviços e das suas estratégias no dia a dia e na rotina do trabalho. Além disso, haverá mais compartilhamento de ideias e com isso um enriquecimento nos projetos. Ambos só têm a ganhar com esse modelo.
Crise de confiança
A última palestra do 2º dia do Web Summit Lisboa foi a apresentação da CEO da Wikimedia, Katherine Maher, que reforçou o fato da a humanidade estar enraizada na curiosidade e que compartilhar conhecimento é o nosso legado.
Katherine também trouxe à tona a questão da falta de confiança e deixou uma reflexão:
“Não estamos em uma crise de conhecimento, estamos em uma crise de confiança. Temos mais chances de confiar e um e-mail de um amigo do que em uma pesquisa baseada em fatos”.
A CEO da Wikimedia encerrou seu discurso com uma dica aos participantes:
“Ao invés de avançar rápido e só quebrar paradigmas, precisamos ir mais devagar e construir coisas que durem”.