UX Research: um primeiro olhar sobre os profissionais no Brasil
Izabela de Fátima, UX Researcher e criadora do podcast Movimento UX, trouxe alguns dados da pesquisa Paronama UX 2020 sob o viés da área de UX Research
Por Bianca Borges*
Cada vez mais empresas entendem a urgência de compreender o comportamento dos seus clientes e, a partir daí, oferecer a melhor experiência possível. Para ter sucesso nessa jornada, é essencial realizar pesquisas e testes com o público-alvo de determinado produto ou serviço, e é aí que entram em cena os pesquisadores da experiência do usuário, também conhecidos como UX Researchers.
No WIAD 2020, um dos principais eventos de UX e Arquitetura de Informação, que aconteceu no último sábado, dia 29 de fevereiro, em São Paulo, foi apresentada uma pesquisa que retratou, entre outros aspectos, o cenário do profissional que atua nesse setor.
Izabela de Fátima, UX Researcher e criadora do podcast Movimento UX, a primeira palestrante a subir no palco, trouxe alguns dados da pesquisa Paronama UX 2020 sob o viés da área de UX Research.
Confira a seguir os principais insights compartilhados pela especialista.
Quantos somos
O número de pesquisadores de UX que responderam a pesquisa esse ano cresceu 40% em relação ao ano anterior.
“Parece muito, porém, quando olhamos para o total da amostra, vimos que essa proporção é só de 1%. Ou seja, o UX como um todo está crescendo muito mais do que a área de pesquisa”, afirmou Izabela.
Perfil dos profissionais de UX Research
De acordo com os dados apurados na Panorama UX 2020, 70% dos profissionais de pesquisa são mulheres e a maioria está na faixa etária entre 24 e 35 anos. Além disso, as regiões sul e sudeste abrigam cerca de 66% dessas profissionais.
Pensando em diversidade, o setor de pesquisa é o que mais abre espaço para profissionais LGBTQ+, são 31% dos total, já na área de UX e UI esse número fica em torno de 22%. Entretanto, não existe muita miscigenação de colaboradores como mostra o gráfico abaixo:
Uma outra característica do perfil desses profissionais é a vontade de estudar e ampliar seus conhecimentos.
“A área é nova mas, mais da metade dos pesquisadores têm faculdade e 77% foram além da graduação. Temos 3 vezes mais pessoas com mestrado e doutorado se comparados ao público total da pesquisa Panorama UX”, destacou Izabela.
Mercado de trabalho para os pesquisadores de UX
Segundo os dados do relatório, a principal faixa salarial dos pesquisadores de UX está entre 4 e 11 mil. Um detalhe para prestar atenção aqui é que, apesar das mulheres serem a maioria da força de trabalho, são os homens que ganham mais.
Em relação à forma de contratação desses especialistas, o regime de CLT corresponde a mais de 70% dos contratos. Já sobre os locais de trabalho, 63% deles são empresas consolidadas ou startups de setores variados, mas o três principais são: tecnologia, finanças e seguros.
UX Research nas empresas e interação com outras áreas
O relatório constatou que mais de 50% das empresas trabalham com uma mistura de dados qualitativos e quantitativos para fazer suas análises, porém, 15% das tomadas de decisão ainda são baseada nos desejos dos donos da empresa e também em achismos.
Ainda falando sobre os dados que os UX Researchers coletam, as áreas de Produtos e Design são as que mais utilizam essas informações, totalizando mais de 80% do volume de dados gerado. Setores como Data e BI que poderiam se beneficiar com esses dados, na prática, só utilizam 10% dessas informções.
Dia a dia do profissional
A pesquisa constatou que os profissionais de UX Research além de fazer o trabalho de pesquisa, ainda executam outras funções como mostra o gráfico abaixo.
Considerando os projetos da área de pesquisa, existe uma mescla de técnicas de entrevistas e testes presenciais e remotos. Tal fato mostra uma versatilidade do setor que consegue dinamizar o trabalho tanto no ambiente online como no off.
Se existe versatilidade na execução das técnicas, algo que carece de diversificação são as finalidades para as quais o trabalho dos pesquisadores de UX é utilizado, como ressaltou Izabela de Fátima:
“Se a grande maioria dos pesquisadores de UX está trabalhando em empresas, por que não estamos fazendo mais diários de uso continuado, por exemplo”? Ainda trabalhamos muito em sites e apps”, salientou.
Ainda sobre o dia a dia do profissional, os impasses enfrentados são muitas, mas a maior delas, citada por 40% dos entrevistados, é o recrutamento de pessoas para realizar as pesquisas. Em segundo lugar, com pouco mais de 20%, aparecem também as dificuldades de análise de resultados e a questão do tempo disponível para realizar esse trabalho.
Por fim, o estudo também concluiu que faltam profissionais para atender as empresas, visto que, 73% dos entrevistados responderam que ainda não conseguiram zerar a demanda de pesquisas.
É fato que a área de UX Research está em evolução e, para o futuro, podemos esperar um crescimento dos profissionais tanto em número como em eficiência, além da conquista de mais espaço e visibilidade dentro das empresas e marcas.
(*) Bianca Borges é Analista de Comunicação Sênior da ZOLY. Jornalista, formada pela Universidade Anhembi Morumbi, possui experiência nas áreas de Conteúdo, Assessoria de Imprensa e Gestão de Mídias Sociais. Gosta de escrever sobre diversos assuntos mas, atualmente, seu foco é o Marketing Digital e Data Business.