Tendências do mercado digital: o que podemos esperar para 2020
Augmented Analytics, comunicação 5G e blockchain são algumas das tendências do mercado digital para o próximo ano
Por Bianca Borges*
Com a tecnologia em plena evolução, o mercado digital passa por transformações constantes, e as empresas, por sua vez, têm o desafio de se adaptar a essas mudanças com rapidez e eficiência. Para dar um exemplo disso, podemos citar a modificação do algoritmo do Google.
Essa semana, a empresa colocou em prática o seu novo algoritmo de sistema de pesquisa: o BERT (Bidirectional Encoder Representations from Transformers). Trata-se de uma inteligência artificial que analisa o contexto no qual as palavras estão inseridas. Além disso, essa rede neural é capaz de entender com mais facilidade a linguagem natural, bem como diferentes combinações de palavras.
O novo algoritmo vai beneficiar tanto os usuários do Google que encontrarão o que procuram com mais facilidade, como as empresas que produzirem bons conteúdos, visto que, a relevância dos textos terá prioridade no posicionamento.
A mudança do algoritmo do Google aconteceu recentemente e tende a se estender por um período considerável no próximo ano. Mas, além disso, o que as marcas podem esperar para o mercado digital em 2020?
Confira a seguir as principais tendências:
Transparência em anúncios
Uma das tendências do mercado digital, mais precisamente na área de UX, é o pensamento do design direcionado ao combate de conteúdos falsos. De acordo com o relatório internacional “The State of UX in 2020”, em alguns países, redes sociais como Facebook e Youtube já começaram a incluir notificações em posts que não têm a veracidade do conteúdo comprovada e informar qual empresa ou entidade está por trás de determinadas publicações.
Aumentar a transparência em anúncios será um dos desafios das marcas no ano que vem. A Adobe, por exemplo, uma das pioneiras em imagem e edição de vídeo, anunciou que está testando, em parceria com cientistas da UC Berkeley, uma ferramenta que usa inteligência artificial e consegue identificar imagens que foram manipuladas por photoshop. Segundo o The Verge, a empresa sabe da qualidade das suas ferramentas de edição de vídeo e imagem, porém, está na hora de se preocupar com os efeitos éticos da tecnologia.
Falando ainda em transparência, é importante ressaltar que, ainda em 2019, muitas ferramentas third-party foram criadas para ajudar as organizações e as pessoas a identificarem conteúdos enganosos, que vão desde comentários em e-commerces até verificação de seguidores falsos nas redes sociais. Esse fato mostra como a questão da transparência está em voga.
Para a Head de Pesquisa da ZOLY, Ana Coli, além da ética, as marcas precisam entender o impacto que seus produtos e serviços trazem para a vida das pessoas.
“Como especialistas em usabilidade, a ética deve estar no centro de nossos processos criativos. Temos que entender que não trabalhamos mais em produtos periféricos: as interfaces digitais estão hoje no centro da vida das pessoas e o impacto delas é imenso – portanto, nossa responsabilidade também é enorme. Além de primar pela clareza e pela verdade em qualquer projeto, devemos entender o impacto que o nosso trabalho traz para a vida em sociedade e, assim, evitar possíveis danos a todos nós.
Produtos e serviços mais significativos: menos é mais
Outra tendência para o ano que vem, segundo a pesquisa internacional “The State of UX in 2020”, é o investimento na experiência do usuário, criando produtos e serviços menos complexos. Segundo o estudo, notou-se que quanto mais funcionalidades tem um produto, menos a experiência é satisfatória. A função inicial daquele item pode ficar comprometida ao serem adicionadas mais features. Sendo assim, a dica é pensar no que, realmente, vai agradar o seu cliente e não em ter o produto ou serviço mais rebuscado.
Multiexperiência e conteúdo interativo
A multiexperiência, que engloba a variação dos tipos de interação entre cliente e marca no ambiente digital e pode se dar por toque, voz e gestos, é algo que também vai se sobressair em 2020.
O aumento da utilização das tecnologias de realidade virtual (RV), aumentada (RA) e mista (RM) é um fator que contribui para a ascensão da multiexperiência. Inclusive, esses recursos favorecem a criação de conteúdos mais dinâmicos e interativos que, de acordo com o Demand Gen Report’s Content, são os preferidos de 91% dos consumidores.
Segundo o Gartner, estratégias que envolvam multiexperiências precisam estar baseadas em modalidades específicas dos pontos de contato com o consumidor, garantindo, ao mesmo tempo, uma experiência de usuário consistente e unificada.
Um fator que vai facilitar a criação de multiexperiências e a aplicação das tecnologias imersivas é a tendência sobre a qual vamos falar a seguir: a Comunicação 5G.
Comunicação 5 G
A tecnologia 5G, que está chegando aos poucos no mundo, deve ser implantada no Brasil em 2020, como informou a reportagem da BBC. Além disso, de acordo com o Ericsson Mobily Report 2019, até o final de 2025, espera-se que a 5G esteja presente na vida de até 65% da população mundial e seja responsável por 45% do tráfego total de dados móveis do mundo.
É certo que essa tecnologia possibilitará um acesso bem mais rápido à internet, facilitando a navegação em sites e apps. Um dos benefícios disso pode ser a redução do abandono de páginas e e-commerces que demoram para carregar, por exemplo.
Entre outras vantagens para as marcas, como já citamos aqui, a 5G pode facilitar a utilização de tecnologias imersivas e favorecer os anúncios em vídeo que, segundo o Social Vídeo Ad Spend, devem crescer 44% até 2021.
Essas são as três características principais da tecnologia 5G que, de acordo com o Gartner, podem resultar na oferta de novos serviços e também modelos de negócios diferenciados. São elas:
- Banda larga móvel aprimorada (eMBB);
- Comunicações ultra confiáveis e de baixa latência que atendem a muitos requisitos industriais, médicos, além de drones e transportes existentes;
- Comunicações massivas do tipo máquina (mMTC) que atendem aos requisitos de escala da IoT e da edge computing.
A tecnologia 5G permitirá mais criatividade nas estratégias de comunicação das marcas e aquelas que souberem aproveitar essa possibilidade no momento certo já estarão um passo à frente.
A arquitetura da informação está de volta
Já vivemos na era da informação, e com uma internet ainda mais veloz em função da tecnologia 5G, podemos esperar um maior compartilhamento de dados.
Sabemos que os dados se tornaram um dos fatores mais importantes para conquistar o cliente. Diante disso, as marcas e empresas precisam ter um cuidado muito grande com a estrutura da informação, seja as que são captadas como também as que utilizam para fazer a divulgação de seus produtos, serviços e conteúdos em geral.
A arquitetura da informação precisa ser coerente e útil tanto para a própria organização como para os consumidores. De acordo com o “The State of UX in 2020” esse era um tópico que ficou esquecido por muitas empresas, mas, no próximo ano, tende a ganhar o destaque que deveria.
A Head de UX da ZOLY, Carolina Leslie, comenta sobre a importância do investimento na arquitetura da informação:
“A interface é a ponta do iceberg do trabalho em experiência de uso. Muitas empresas focaram seus investimentos neste entendimento superficial do que é a UX e estão tendo que rever sua estratégia. Quando falamos em interfaces conversacionais, interação por assistentes de voz e na boa e velha busca, precisamos revisitar os conceitos da arquitetura de informação. Taxonomia, árvores de navegação e sistemas de rótulos voltam a ser protagonistas na construção de espaços digitais”.
Augmented Analytics
Outra tendência para 2020, conforme o relatório “Top 10 Strategic Technology Trends for 2020” do Gartner, é a democratização da análise de dados. A “Augmentad Analytics” ou Análises Aumentadas, em português, consiste na preparação dos dados assistidos por machine learning e inteligência artificial para gerar insights e facilitar a interpretação das informações.
A Augmented Analytics vai democratizar a análise de dados nos seguintes aspectos:
- Aumento na geração e preparação dos dados. Por meio da utilização do machine learning, ocorre uma melhora na criação de perfis, na qualidade, na harmonização, na modelagem e até na manipulação das informações. Essa prática também modifica o gerenciamento de dados, visto que, pode automatizar a integração das informações e a administração de bancos de dados e data lakes.
- Análise aumentada como parte do business intelligence (BI) permitirá descobrir, visualizar e narrar automaticamente descobertas importantes sem a necessidade de criar modelos ou escrever algoritmos. Aqui podem ser incluídas correlações, exceções, clusters, segmentos, ocorrências fora do normal e previsões. Os dados podem ser explorados por meio de visualizações geradas automaticamente e interfaces de conversação.
- A análise aumentada também poderá ser incorporada em dispositivos autônomos que interagem com os usuários, como assistentes virtuais que usam interfaces de conversação. É possível consultar e explorar dados em linguagem natural (voz ou texto) utilizando os assistentes pessoais e dispositivos móveis.
O Gerente de Data Science da ZOLY, Daniel Ayub, compartilha algumas dicas para as empresas que querem começar a trabalhar com esse tipo de plataforma de BI:
“Para se ter confiança nas respostas destas ferramentas, é preciso ter integração e confiabilidade dos dados, e o Brasil ainda não é maduro na área de infraestrutura de dados. Sendo bem franco, não adianta as empresas partirem para super tecnologias promissoras sem ter o feijão com arroz bem feito antes. Estamos falando dos alicerces do BI: ter integrações sólidas entre diversas bases de dados de fontes diferentes, construir e sustentar manutenção de data warehouses, data lakes e data marts, ter uma infraestrutura cloud escalável, etc. A ZOLY, hoje, tem uma equipe de Data Engineering capaz de propor soluções para ajudar as empresas a alcançar um nível maior de maturidade, principalmente, em relação a dados online e a integração on e off”.
LGPD e a privacidade de dados
Ainda relacionado aos dados, mas dessa vez às informações pessoais dos clientes, observamos que a ética e a privacidade se tornarão pontos de atenção crescentes para as empresas e marcas em função da aprovação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) que entra em vigor em agosto de 2020.
Um dado que pode preocupar um pouco, apurado pela pesquisa da Serasa Experian, é que 85% das empresas brasileiras ainda não se sentem prontas para seguir as regulamentações da nova lei.
Algumas dicas básicas para ficar fora desse grupo de organizações são:
- Entender as responsabilidades de cada ator no processo de tratamento de dados;
- Reorganizar o banco de dados da sua empresa;
- Se inteirar das mudanças nos canais e nas campanhas de marketing, bem como das transformações nas DMPs (Data Management Plataforms)
Quer saber mais sobre esses tópicos detalhadamente? Confira AQUI um guia rápido para se adaptar e sucesso e conquistar clientes, seguindo os preceitos da LGPD.
Blockchain
Falando em privacidade de dados, outro recurso tecnológico que pode trazer ainda mais transparência para as empresas em 2020 e nos próximos anos é a Blockchain. Essa tecnologia tende a aumentar o nível de confiança nas organizações, já que, possui níveis altos de verificação de informações e processos.
Além disso, a blockchain possibilita que os clientes tenham um maior controle dos seus próprios dados, permitindo que eles estabeleçam um preço para compartilhar suas informações com as marcas.
De acordo com a Pesquisa Global de Blockchain 2019 da Delloite, as organizações enxergam a tecnologia como uma facilitadora de processos e negócios e, 77% delas acreditam que a falta de investimento em blockchain pode deixá-las para trás no mercado.
Apesar de ser uma grande promessa, essa tecnologia terá que superar uma variedade de desafios técnicos para se tornar efetiva aqui no Brasil.
O propósito conta, e muito
Por fim, mas não menos importante, temos o propósito de marca. A discussão da importância do propósito não é tão nova assim, porém, uma recente pesquisa realizada esse ano pela Deloitte, revelou que esse fator tende a se tornar cada vez mais importante de agora em diante. De acordo com o estudo, grande parte dos clientes, atualmente, toma decisões baseadas nos propósitos das marcas, levando em consideração, por exemplo, a forma como as empresas lidam com seus colaboradores e como tratam o meio ambiente.
Outro fator evidenciado na pesquisa é que, quando as empresas alinham seus propósitos com a promoção de boas ações conseguem construir conexões mais verdadeiras e obter mais lealdade do seu público-alvo. Segundo o estudo, 80% dos consumidores estariam dispostos a pagar um preço mais caro por um produto ou serviço se o motivo do aumento estivesse relacionado à marca se tornar mais responsável em relação a questão ambiental. O Head de Marketing e Estratégia da ZOLY, Everton Pugsley, dá uma dica para as marcas criarem um propósito verdadeiro e alinhado com as estratégias de marketing:
“A dica que eu dou é a de conhecer e aplicar a metodologia dos 4 “Is” (Investigação, Incubação, Iluminação e Ilustração) de Joey Reiman, descrita em seu livro “Propósito. Por que ele engaja colaboradores, constrói marcas fortes e empresas poderosas“. Será uma viagem até as raízes da organização para descobrir o combustível essencial de sua existência. Pois, como diria Simon Sinek, “”As pessoas não compram o que você faz, elas compram o porquê você faz.””
Essas são algumas das tendências esperadas para o mercado digital em 2020, segundo as principais pesquisas que analisam o setor.
Qual desses tópicos você acha que vai impactar mais a sua marca no ano que vem?
(*) Bianca Borges é Analista de Comunicação Sênior da ZOLY. Jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi, também possui experiência nas áreas de assessoria de imprensa e gestão de mídias sociais. Gosta de escrever sobre diversos assuntos, mas, atualmente, seu foco é o Marketing Digital e Data Business.