Metodologia

O que é o card sorting

Por: Mari Sampaio
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Por Ana Coli*

 

Há uns 5 ou 6 anos, uma metodologia ganhou os corações e mentes de todo mundo que trabalhava com pesquisa com usuários no Brasil. O card sorting era quase como o design thinking de hoje, a buzzword do momento: todo mundo queria, embora poucos soubessem o porquê.

Passado algum tempo, o card sorting saiu de moda – mas nem por isso deixou de ser um estudo bastante interessante, principalmente quando se sabe o que esperar dele. O card sorting é a técnica em que se desenham cartões (físicos ou virtuais) com nomes, que geralmente são os rótulos das áreas da interface objeto do estudo. São chamados então participantes do público-alvo da interface e eles devem agrupar esses cartões de maneira que faça sentido para eles.

 

Existem alguns tipos de card sorting:

Aberto:  significa que os participantes poderão agrupar os conteúdos livremente, sem grupos pré-determinados. Eles também poderão nomear os grupos da maneira como quiserem e criar quantos deles acharem necessário. O método aberto permite mais aprendizados, pois é possível obter informação tanto sobre a nomenclatura utilizada pelos participantes (já que eles irão nomear os grupos) quanto sobre o que entendem que deve ser o conteúdo de cada grupo.

Fechado: são oferecidos grupos pré-determinados para que os participantes escolham onde cada cartão deve entrar. Esse tipo ajuda a validar a nomenclatura criada pela equipe do projeto/empresa, já que permite observar se os usuários identificam o rótulo e o associam ao conteúdo ao qual pertence.

E eles podem ainda ser subdivididos em:

Individual: cada participante faz seu agrupamento sozinho. Depois, os dados de todos os respondentes são compilados para gerar uma espécie de “mapa do site” e, principalmente, para mostrar quais cartões se correlacionam mais vezes. O card sorting do tipo individual é mais escalonável, principalmente se for usada uma ferramenta online, que ajuda na hora de compilar e analisar os dados.

Em grupo: os participantes, divididos de acordo com seu perfil, devem chegar juntos a um agrupamento ideal. Como outras técnicas de discussão em grupo, esse tipo de card sorting gera debates, faz com que os participantes tenham que defender seu ponto de vista, falar sobre o que eles estão fazendo, discutir sobre diversas maneiras de agrupar os cartões e questionar o significado dos conteúdos. São obtidos aprendizados que vão além da estrutura final sugerida.

 

O card sorting é uma técnica bastante usada para projetos de intranet: além de entender melhor como as áreas de uma empresa se relacionam, ela permite ouvir os futuros usuários dos diversos departamentos da empresa, que se sentirão parte do projeto, provavelmente contribuindo com mais empenho para sua disseminação após a implementação. Grandes lojas de departamento, com sua infinidade de categorias e subcategorias, também se beneficiam muito dessa técnica.

O card sorting ajuda a dar insights sobre como os usuários de uma interface entendem a organização do seu conteúdo. Sair de um card sorting com um mapa do site pronto não deve ser o objetivo de quem usa a técnica – afinal, o analista de UX é você e não quem está participando do estudo. Sendo assim, é importante ter em mente que o card sorting vai te ajudar, principalmente, a conhecer melhor o modelo mental de organização de conteúdo do seu usuário – por isso, ele é recomendado antes de se iniciar o desenho, seja de um novo projeto ou de uma reformulação. E, para validar o que foi visto no card sorting, o teste de usabilidade no protótipo da nova interface é o ideal como técnica complementar.

 

(*) Ana Coli é Head de Pesquisa da ZOLY.Escolheu o jornalismo como profissão, mas a vida a levou para outros caminhos. De redatora de matérias para portais online, passou a arquitetar as estruturas de interfaces digitais e, assim, conheceu o mundo da UX. De uma profissão para outra, trouxe e manteve a paixão por entrevistar pessoas.

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