Personas: a selfie do usuário
Por Alessandra Nahra
Personas são criações ficcionais com base em dados reais. Por meio de storytelling, as personas engajam aspectos sociais e emocionais do cérebro, o que ajuda a equipe a ver e entender o produto através dos olhos do usuário. Funcionam como guias não apenas para a implementação mas também durante todo o ciclo de vida de um produto, e podem auxiliar reformulações, novas funcionalidades, melhorias evolutivas. Servem para apoiar a tomada de decisões e construir consenso entre a equipe.
Personas podem ajudar a criar praticamente qualquer coisa: “Já soube de personas sendo usadas para desenhar pacotes de benefícios para funcionários e piqueniques da igreja”, comenta Kim Goodwin no livro Designing for the Digital Age (cujo capítulo 11 é inteiramente dedicado a personas).
De que é composta uma persona:
As personas têm nome, idade, ocupação, fotografia, características relacionadas ao produto e ao comportamento. Elas têm objetivos, tarefas, rotinas, necessidades, problemas. Quanto mais completa for a descrição da persona, mas fácil é vestir a roupa do personagem e entender o mundo pelo seu ponto de vista. É importante não se deter em dados demográficos, mas mostrar o que é relevante para a pessoa, qual a sua motivação. Uma persona pode representar gente de idades variadas – e se você foca na demografia, pode ter personas duplicadas apenas porque têm idades distintas.
Como criamos personas:
Mas como criar uma persona? Aqui vem o maior risco no uso dessa metodologia. Há quem crie suas personagens com base mais em desejos e aspirações da equipe do que em dados reais.
Para criar uma persona que seja de fato útil ao processo de experiência de uso é necessário se basear em pesquisa. Entrevistas, pesquisas online (falaremos dela em outro post), focus groups, etnografias e visitas guiadas são ótimas fontes de dados reais de comportamento para compor seu personagem.
Segundo a pesquisa sobre a maturidade da User Experience no Brasil, realizada pela nossa diretora e in-house geek Carolina Leslie, personas é a segunda metodologia de UX mais executada por agências e a terceira mais executada por clientes. Porém, em suas considerações, a Carol compartilha uma pulga atrás da orelha: será que há pesquisa por trás dessas personas?
É muito comum, principalmente no mundo das agências, personas advindas de dados demográficos: inventa-se um nome e pressupõem-se uma personalidade para, digamos, um homem de 20 a 25 anos, classe A, estudante, que gosta de games. E nunca ninguém foi lá falar com essa tal criatura pra ver se é isso mesmo. Não faça isso! Como disse o colega Érico Fileno sobre as conclusões da Carol, “Persona e Jornada sem pesquisa com pessoas é achismo… É coisa de Mãe Dinah”.
Falando nisso, lembra do meme what would Jesus do (o que Jesus faria)? As personas são o “Jesus” do seu projeto 😉
Depois de prontas, grude-as na parede da sala de trabalho e…
(Veja aqui um ótimo artigo de Indi Young discutindo em profundidade a criação de personas).
(*) Alessandra Nahra é jornalista.